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Antes de Perderes...

22:03


De que somos feitos, para além de corpos cheios de matéria?
Na realidade nua, em que despimos a alma e contornamos a mente, a insanidade deixa-nos mergulhados em emoções.
Vibrações sentidas em sussurros que fazem da vida um arrepio repentino.
Vagueamos num labirinto em busca de certezas. Procuramos respostas às perguntas que não dizemos em voz alta.
Não falamos, nem agimos. Somos corpos inertes, que não sabem por onde seguir.
Um dia viste-a... vivia sem medo e o tempo não era a sua preocupação. Mas tempo era coisa que não tinhas. Passou ao teu lado e soprou-te uma brisa fria para a sentires. Escorregou-te nos dedos ásperos em toques suaves.
Num piscar de olhos, desapareceu. Queria que corresses atrás, que a agarrasses para nunca mais a soltares.
O mundo deu uma volta e seguiu o seu percurso.
Quando deste conta, o teu coração apertou-se, a lágrima correu rosto abaixo e deixou a saudade fazer o seu caminho. Foi a saudade de algo que nunca tiveste que te assombrou.
As coisas mais importantes, são as mais incertas. Procuravas as certezas, mas era na incerteza que se escondia a resposta.
Foi na ausência de uma resposta que soubeste que o ar era feito de vazio e que nada permanecia no mesmo sitio.
Ela tinha todo o tempo do mundo, mas não esperava por ninguém. Apanhou o comboio que tu perdeste.
Viste a oportunidade escapar e, em gritos mudos, não expulsaste o que te queimava por dentro.
Perdeste-a. Não sei o que custa mais, a saudade ou o arrependimento. Ambas não matam, mas corroem e fazem dano.
Dá valor ao agora, porque um dia pode não estar cá. A única verdade certa é que as pessoas são incertas.
Não tenhas medo, atira o coração com emoção e encosta a um canto a razão.
Antes de perderes…
Age.



momentos da vida- por-do-sol


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Era uma vez ...(perder alguém)

21:30

Era uma vez …
Passos cansados moldam o chão desgastado das ruas vazias e solitárias que habitam o corpo repleto de emoções.
Há um cansaço extremo de correr atrás de quem já não quer bem. Há uma lágrima dolorosa que queima a pele e deixa a sua marca gravada.
Sente-se um sufoco preso nas palavras. A saudade incendia a alma ferida e o inóspito vazio cobre o coração que palpita fraco. Coração magoado que de tanto sofrimento, passou de doce a amargo.
O mundo parou, de repente, e desenrola-se aos teus olhos em câmara lenta. O teu mundo parou e alguém que tu amavas te deixou.
De malas feitas, uma pessoa decidiu abandonar a tua vida e por mais que corras atrás, essa pessoa não voltará.
Existe quem não soube segurar o peso do mundo, que não teve a ousadia e a coragem de te agarrar quando o abismo se estendeu e o chão desabou sobre ti.
O vazio deixado jamais será recompensado.
Alguém sentirá as oportunidades e momentos contigo que deixou escapar, por entre os dedos. Alguém que não viu mais as gargalhadas dadas, os sorrisos libertados e nem pode ler o que escondias nas entrelinhas do teu livro. Não vivenciou a intensidade do teu olhar apaixonado e não sentiu as vibrações que irradiavas na felicidade que te consumiu.
As lágrimas derramadas, só tu as sabes contar e só tu sabes o sentimento que cada uma carregava.
Essa pessoa que saiu da tua vida, um dia deu-se conta que não foste tu que perdeste alguém, mas que ele te perdeu pelo erro que cometeu.
… alguém partiu e não soube o que fez.

casal agarrado




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A Loucura do Olhar

21:21


Voa por aí um suspiro que é tão teu quanto de outrem. Vagueia num mundo de labirintos uma alma tão perdida quanto a tua. Existem dois tempos perfeitamente desencontrados e dois mundos totalmente desajustados.
Dois olhares perdidos e sem sentido que se cruzam e se ligam em correntes eléctricas e momentos conectados.
Somos pedaços de sentimentos que se escondem em meios de gestos e olhares.
Há sentimentos que falam e palavras que se calam. Há silêncios que gritam e gritos mudos. Há olhares que tudo dizem sem precisar dizer nada.
Há inúmeras histórias que se compartilham no olhar cruzado. Um passado de vidro onde há cicatrizes de quem um dia foi magoado, lágrimas de quem um dia sofreu e buracos deixados de quem um dia partiu. Um passado igualmente cheio de cor, onde gargalhadas foram libertadas e ecoaram corpo a dentro e o tempo parava para dar lugar aos felizes momentos.
Deambula num mundo tão a preto e branco dois olhares que brilham e que tanto tem para partilhar. Dois olhares que transportam a saudade, a solidão, a frustração, felicidade, tristeza, raiva e amor. Dois olhares desconectados que se confrontam diariamente com a dura realidade.
Existe dois corações que batem no mesmo ritmo, na mesma harmonia, na mesma coordenação. Existem duas metades que se escondem na penumbra do medo, que se perdem no tempo e que se encontram no olhar.
De almas gastas e corroídas, o mundo está cheio. Duas almas perdidas que se procuram em devaneios.
Voa por aí um olhar que se pretende encontrar, na calma da noite fria e no quente do dia que passa em correria.
Chama-se a loucura do olhar que tanto já amou como ainda tem tanto para amar. A loucura de quem um dia olhou e o que tanto procurava achou.

Olhos verdes



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Não sabia nada...

18:30

Diziam que nada sabia…
Falava a revolta que se estendia na imensidão do mar e que se agitava nas ondas que pareciam nunca acabar. Sentia a liberdade na sola do pé que lhe fazia rodopiar e dançar ao som da vida.
Acariciava-lhe a rebeldia numa brisa fresca e repentina e provava a loucura em cubos de açúcar.
A paz que demonstrava no rosto não se comparava à tempestade que lhe corrompia por dentro.
Enfrentava a escuridão da noite que escondia os medos e olhava para os dias que contavam os seus segredos.
Picava-se nos erros e aprendia a colher lições.
A chama ardia no seu esplendor e vibrava a cada batida frenética e descompensada do coração. Tinha a alma aquecida num copo de vinho e ficava embebida em emoção.
Soltava a tristeza na chuva que caia e chocava com a realidade, quando na pele quente lhe tocava a água gelada.
Sussurros que gritavam no barulho do silêncio… era assim que sentia o amor. Num mundo antagónico e feitos de antónimos e sinónimos. Amor e ódio eram semelhantes, irmãos de sangue com feitios diferentes. Ambos intensos e viciantes.
Descobria em forma de momentos inesquecíveis as partidas que o destino lhe pregava.
Fechava a porta a oportunidades e corria atrás de arrependimentos. Soltava frustrações em suspiros lentos.
Consumia as letras espalhadas nos livros, com intenção de um dia ver espelhadas as expetativas criadas.
Não procurava a felicidade mas tropeçava nela de vez em quando. Achava as coisas simples as mais perfeitas e dizia que a perfeição da vida era ser tão imperfeita.
Diziam que tinha muito que aprender mas o pouco que sabia era o quase tudo para ela.
Afinal de contas, ela vivia o sentimento e sentia a vida. Levava o mundo nos olhos e ia de olhos postos no mundo.
Ela sabia e sentia.


rapariga a olhar para o rio




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O que te vai na alma que não te acalma?

18:40

Se eu pudesse ler os pensamentos, gostaria de saber o que te vai na mente que não dizes ao mundo. As palavras em ecos perdidos, que tanto ocultas mas que demonstras através do olhar.
Há tanta coisa que me enche a cabeça diariamente. Tanta coisa no vazio dos dias. A confusão na calmaria da vida e a correria na passagem dos dias.
Se eu te dissesse um pouco dos meus pensamentos, dir-te-ia que são montanhas de sentimentos. Sonho demasiado alto e de forma constante. Procuro sentir as cores num mundo que vejo a preto e branco.
Dir-te-ia que cada suspiro meu leva consigo um pensamento e que cada tremor que dou é um vacilo do coração ao deparar-se com hipérboles emoções.
Tento descobrir diariamente o porquê de vivermos presos às expetativas e em esperas insanas pelo inesperado.
Perguntas diárias preenchem os meus dias. Porque adiamos encontros inevitáveis, ou porque fugimos do que sentimos? Porque tratamos o fogo que nos arde no peito e pelo corpo inteiro com tamanha frieza? Porque nos perguntamos tanto em vez de acharmos respostas?
Falha-me um compasso e sei que me atraso cada vez que divago.
Se eu te dissesse o que vai em mim não chegaria para escrever este texto até ao fim.
São histórias contadas e outras inventadas. Histórias com sentimento e são sentimentos em ponto de ebulição para fazer histórias.
Dava tudo para desvendar os mistérios que te corrompem os nervos e o que pensas em todos os momentos.
Se eu te perguntasse… diz-me o que te vai na alma que não te acalma?
Raparoga a olhar da varanda

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Não espero para sempre

21:00

Tenho de aprender a desprender-me de quem não me sabe amarrar ao coração.
Largar quem não me dá razão e muito menos me preenche.
Palavras são bonitas na folha de papel mas as atitudes e os comportamentos são o que eu dou mais valor, são como o ar que preciso para respirar. Preciso dessas ações a que me possa agarrar.
Coração partido que sofre sozinho, porque espera por quem não se interessa.
É uma necessidade que me dês a mão e que nela me entregues o que de mais valor tens, o teu coração.
Entrega-me o todo de ti e receberás o dobro de mim.
Sinto a inseguranças nas entranhas, numa espiral que me consome em direção às incertezas e que me faz afundar no profundo e frio vazio. Sinto o peso das marcas que carrego, das feridas abertas que ainda ardem em pensamento e que foram feitas pelo partir do coração.
Existe um tic toc constante do relógio que me faz ter noção do tempo e da realidade, tira-me a racionalidade e traz a loucura ao peito.
A verdade, é que preciso que tenhas a plena consciência que não estarei para sempre no mesmo sítio, nem vou esperar sabendo que o tempo avança a passos largos e se esgota em grandes pedaços. Ainda que te tenha marcado no coração, às vezes o melhor é seguir a razão.
Sente-se nos pés descalços, no piso gelado, a velocidade veloz a que corre o tempo.
Vem correr comigo, onde nas fronteiras do infinito se estende a emoção.
Necessito que repitas comigo, uma e outra vez, num ciclo onde os dados estão viciados e trocadas estão as cartas do baralho. Preciso que paremos nas paragens que a vida nos impõe para depois apanhar o comboio que nos leva aos corações e que viajemos na noite lado a lado e de dia num só passo.
Se entrares e decidires ficar na minha vida, vem de coração aberto, cheio e pronto para te perderes nos esquemas e labirintos só meus. Que venhas, para eu te amarrar ao meu coração assim como espero que faças o mesmo com o teu.
Preciso. Necessito. Mas cuidado… eu não espero para sempre.

rapariga na rua

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Fala-me de Amor...

17:30

Fala-me de amor. Não daquele que vejo passar, diariamente, em modo repetição nas novelas, séries e filmes ou daquele que se desdobra e se revela em letras num livro. Não do tipo de amor que se ouve nas músicas que passam nas rádios ou nos telemóveis. Não quero o amor que se diz sentir ou que se diz viver.
Fala-me, sim, do amor na sua verdadeira essência. Aquele que nasce e envelhece, nunca perdendo a sua força, o seu magnetismo, a sua intensidade e que segue de forma constante, trazendo consistência e aquele em que o toque das peles são choques elétricos que provocam arrepios na alma.
Amor que se conecta em laços, olhares cruzados e em toques conhecidos. Amor conectado que liga o coração à razão.
O tipo de amor que faz parecer que estamos a morrer por tal. Um coração que bate descontrolado de emoção e a queda iminente no abismo que se abre constantemente, perante nós. A ansiedade sentida no nó que se forma na barriga e que nos faz cometer loucuras e pequenos vícios.
Pequenos vícios do grande vício que é o amor.
Fala-me desta sensação. A sensação de não caminhar só e de só querer caminhar, lado a lado, de mãos entrelaçadas. A segurança, a liberdade e a felicidade, em sintonia numa melodia perfeita.
Dizem que cura marcas e que apazigua a dor das cicatrizes deixadas pelas feridas.
Ouvi dizer que leva para longe a solidão e que preenche, em brisas suaves, como carícias eternas, o vazio do coração.
Pensamentos profundos em noites frias que levam a silêncios absolutos nos dias. E é no silêncio de dois corpos que se estende a compreensão.
Fala-me como é alguém olhar para ti, despir-te a mente e transformar-te num livro aberto.
Diz-me como é ser a metade da vida de alguém. Como é dois corações entrarem em colapso e tornarem-se um só. Como é que metades incompletas se completam?
Não quero o amor perfeito. Quero sentir o amor real e vivê-lo.
Não me fales de amor. Mostra-me.

casal a sorrir

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Liberdade

15:30

Sabem...
Existe uma sensação refrescante quando abrimos uma janela, sentindo o vento a acariciar-nos o rosto e a causar uma revolução nos cabelos, despenteando-os e libertando as pontas.
Quando sentimos os pés tocarem o solo que se estende por debaixo de nós, a areia da praia deslizando, em movimentos suaves, pelos dedos dos pés, o chão gelado que nos faz arrepiar a alma e a sensação de caminhar descalço em todo o lugar e em lugar algum.
Aquele momento em que as gotas de água nos caem sobre os ombros e escorregam pelos contornos imperfeitos do corpo, levando consigo a maior parte das preocupações. O mesmo momento em que respiramos profundamente e absorvemos o cheiro das flores e elas nos retribuem com o cheiro para a vida.
A ardência inigualável que escorre pela garganta e nos reconforta o peito, sensação que encontramos na bebida quente num dia de inverno ou na bebida gelada que causa alívio num dia de verão.
A emoção sentida na mais pequena célula e que nos faz estremecer. A realidade de quando rimos com sinceridade.
Aqueles minutos em que congelamos o tempo, fechamos os olhos e nos tornamos esponjas a absorver o mais ínfimo detalhe e as mais pequenas coisas da vida.
Quando sentimos que estamos realmente bem e deixamos de viver nas sombras, encarando o medo, permitimo-nos viver e sentir realmente.
Existe uma sensação única que liga a emoção à razão e que aquece o coração, deixando-o dançar e fazendo o corpo rodopiar. Essa sensação sente-se nas terminações nervosas de cada um de nós.
Sabem… chama-se liberdade e é a expressão mais bonita da verdade.


rapariga de braços abertos a ver o mar

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Não é por mal, é por medo

17:30

Não é por mal mas sei o mal que me faz.
Sentada na calçada da rua, onde as pedras frias me fazem sentir alguma coisa, perco-me em pensamentos.
Ouço as batidas frenéticas do coração que parecem quer escapar-se por entre os tecidos finos da roupa. Ouço o coração bater mas ainda mais alto o medo a vencer.
Não é ao acaso que por acaso nem todos conseguem chegar a mim. A porta do meu coração é feita de vidro mas as muralhas em torno dele são feitas de betão.
Não é por mal que eu demore um pouco mais de tempo a dar um pouco mais de mim. Não é por mal que muitas vezes evito caminhos de loucuras ou fecho-me para aventuras.
Coração feito de papelão quando rasgado e mal tratado, palpita descontrolado ao chegar alguém à sua vida.
Obrigação do inconsciente de travar qualquer entrada que não seja para ficar.
Tenho medo de despedidas, de abandonos, de distâncias e tenho medo sobretudo da saudade.
Nas veias que me percorrem o corpo, corre a saudade a uma velocidade veloz, como se depressa eu tivesse que a sentir para saber que lenta seria a demora e a espera de voltar a ter.
Tenho medo da instabilidade, de saber que me movo em areias movediças. Tenho medo de correr atrás de quem um dia já partiu de malas aviadas e de ideias feitas. Tenho medo de um dia eu olhar e já nada cá estar.
Não tenho medo do amor porque ele é o melhor amigo do coração, o que preenche o vazio, aquece a alma, destrói as muralhas construídas. Tenho medo, por ele ser também o maior inimigo do coração, aquele que um dia quando acaba, transforma a luz em escuridão.
A verdade é que tenho medo. Tenho medo de me entregar por inteiro e receber partes. Todos incompletos não me fazem sentir de todo completa.
Mas tenho ainda mais medo de um dia me vir a arrepender.
Se um dia me vires a dizer não ao momento, dá-me um sim como um estalo para a realidade.
Se algum dia quiser escapar uma batida, obriga-me a tocar. Se algum dia quiser deixar a dança da vida, toca-me a música que me faz não querer parar.
Se algum dia me vires fugir, agarra-me com força e não me soltes.

Não é por mal, é por medo.

rapariga a escrever no caderno

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Estás a um passo!

18:30

Sonhos…
Eu sei que os tenho algures guardados dentro de mim. Manifestam-se em pequenos fragmentos de sonhos que me enchem por dentro. Enchem-me de esperança de querer algo maior.

Sonhos são histórias com vírgulas, à espera de chegarmos aos pontos finais. Virgulas tentadoras que nos fazem muitas vezes ficar presas a elas, perdidos em labirintos sem saída.
Vemos metades onde está o todo e achamos o todo em metades. Vivemos por meias experiências, momentos e interpretações.
Agrada-nos a forma das meias palavras ditas e das meias ações. Ficamos em estado de hipnose pelo meio, por não ser nem muito nem pouco. É a nossa zona de conforto.
A vida decorre a 8 ou a 80, ela não dá espaço para meios silêncios ou meios tormentos. É ou não é. Sim ou não. É preciso saber desligar desse limbo e sair dessa fina linha a que chamamos confortável porque os sonhos não se encontram revestidos em mar de rosas ou escondidos em casa. Os sonhos começam quando a nossa zona de conforto acaba, quando permitimos sair dos meios. Quando abandonamos os meios para chegar aos fins.
E… quando o desassossego da noite chega e o turbilhão de pensamentos nos invade, abraçamos o luar que nos traz e encaixa ideias e nos faz esquecer que o tempo existe. Escrevemos nas estrelas o que vai no coração e pintamos a imaginação para dar asas à sua canção.
Somos pequenos como grãos de areia e pontos invisíveis na imensidão do universo mas, ainda assim, pertencemos a algum lugar. Apesar da nossa pequenez, somos tão poderosos por não desistir e persistir.
Que a loucura nos puxe os cabelos e nos faça perder o chão! Que os pés que nos sustentam nos levem para longe e tracem caminhos de possibilidades e oportunidades. Que os olhos que brilham como diamantes em bruto gravem os momentos e que na ponta da língua tragamos os conhecimentos adquiridos.
Se a loucura for o sonho, então que sejamos irracionais para não perder este compasso da vida.
Mochila às costas, bagagem pronta. Está na hora de seguirmos o que mais queremos e o que mais desejamos.


Acredita! Estás a um passo.

rapariga de costas a ver o rio

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Não estás sozinho

17:30

Sinto-te longe.
Sei o que estás a passar, e palavras não chegam para melhorar. Olho para ti, por detrás deste grande vidro que nos separa. Olho para ti e leio-te nos olhares, nas atitudes. Leio-te em cheio e com tiros certeiros.
Sei o que é sentirmo-nos perdidos, sem saber para onde ir, como ir, ou com quem ir. O mundo é grande para tão pequenos corpos.
Sei o que é sentir a solidão que nos arrebata e que bate constantemente à porta e sei o quão tentador é deixá-la entrar. Sei o quanto doloroso pode ser o sentimento de nada saber.
A vida tem os seus silêncios mas os teus são assustadores.
A noite é longa e apesar de ter um ar pacífico mal pode adivinhar a guerra que não cabe dentro de ti. Mal ela imagina o frenesim que a mente emite. Ela não faz nada. Apenas ouve as tuas lágrimas como a chuva que derrama lá fora e os teus soluços como uivos do vento gelado.
Ela não te diz nada mas dá-te o tempo para o fazeres. São noites compridas que escondem as verdades, as preocupações e os pensamentos sombrios que acorrentam a alma cansada.
Sei o que é sentir cansaço acumulado. Cansaço dos dias em si. De contar os dias passar e não passar por eles.
Sei o que é o vazio que sentes. O que é acharmos a incompreensão.
Sei que parece que nada pode resolver o mal que sentimos. Que o rumo é tão desvanecido e que o futuro é um borrão.
Sei o que é a necessidade de falar mas a tentação de calar ser maior. O silêncio é o que nos faz cair.
Sei o que é ver a esperança a morrer e a perder a intensidade. Sei disso e muito mais.
É sentimento que destrói a mente jovem, é um coração que palpita preocupado e apertado e é um sufoco que se estende por corpo inteiro.
Mas também sei que nada dura para sempre. Que o mundo que tens nas mãos, não o tens de carregar às costas. Sei que se partilharmos o peso, a dor aliviará.
Não te afastes, não te percas, não fujas de mim.
Sei que não estás sozinho.

Vai ficar tudo bem. Prometo.

casal a ver a vista

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Saudade

18:00

Saudade que entoa e que soa. Soa em peso e sem receio.
Sentimento doloroso que deixa um vazio em nós. Sentimento isolado que traz solidão.
A inveja que sempre tive do tempo, por ter todo o tempo do mundo. Hoje peço que me dê um pouco mais de tempo para poder apaziguar a ausência.
Não sei se estou presa a um passado cheio de memórias ou se me agarro a um futuro de incertezas. Sei que vivo o presente com saudade e com ela sempre presente.
Chega como se fosse dona do mundo e assola-nos com o seu espírito de impacto. Não vem de prepósito mas com um propósito.
Lacunas soltas à espera de serem preenchidas.
Saudade que se arrasta e alastra como um sopro gelado permanente. Que deixa umvazio em tão pequena alma e em tão fraco coração.
Sentimentos divergentes em que não sei se guardo na mente os momentos vividos ou se esqueço para um dia a dor passar. Sentimentos que colidem trazendo conflitos internos.
A mente não se sabe conformar e muito menos calar. Peças… umas soltas, outras roubadas.
Como um puzzle pode ficar completo quando há peripécias mal contadas e histórias entregues por metade?
Pretérito perfeito que voltes inteiro.
Preciso que me dispas a sede que sinto e que me vistas com os teus contornos perfeitos. Preciso que tragas quem um dia me levaste. Preciso da borracha que apaga tão hipérbole saudade. Vejo-te em sonhos, em mundos poéticos. Revejo memórias em tempos certos. Contudo a verdade atinge-me com murros para perceber que as ilusões criadas nunca voltarão e o que um dia eu sonhei foi tudo em vão.
Sinto saudades de quem um dia partiu sem nada dizer e de quem um dia em sussurros me deu despedidas.
Sinto a esperança de voltar a viver, o momento que outrora esteve em vida.
Sinto saudades e apenas isso.


Ainda espero e desespero. 

saudade






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Expetativas

21:14

Como se desliga a mente? Como se calam as vozes dos pensamentos? Como se para a correria dos sentimentos e abranda-se o tempo?
É droga para o meu ser. Vicio contido que alimenta a alma perdida.
O chão que os pés pisam afunda com as ilusões criadas. Expetativas fundadas em devaneios tão reais mas tão falsos.
É energia que vibra e luz que nos faz avançar. É música para tão pequeno coração por lhe dar a mínima esperança.
Perco-me em devaneios mentais, em filmes só meus. Perco-me em labirintos mortais. Sei que não há saída, uma vez que entro. Sei que são apenas expectativas mas ainda assim, tento.
São desejos perdidos à espera de serem alimentados.
Esperanças de asas que voam e sobrevoam o momento.
O pior vem depois. O pior vem quando no cortam as asas e a queda é longa e profunda. Quando os sonhos se desvanecem e os vemos partir sem conseguir segurá-los. Quando o efeito mágico e ansioso passa e deixa um rasto de frustração, irritação e raiva.
A raiva que nos consome e que nos faz querer destruir tudo o que nos rodeia.
O pior… é quando não sabemos se a vontade de partir algo é para se igualar ou para ocultar o coração ferido e partido.
Expetativas são o grito dado num momento e o grito abafado noutro. São a libertação de um peso e o sufoco doloroso noutro.
Expetativas são espadas que nos espetam. São rosas perfeitas com espinhos à espreita.
Ainda assim, vejo-me tentada neste pecado, onde caio em erro toda a vez que a mente reage com o coração e fecha-se para a razão.
Quando irei aprender? Talvez um dia, em expetativa.

flor- expetativas



entrelinhas

Entre Linhas

21:00

Não sei se o que me fascina é o olhar que as pessoas soltam quando falam de algo que verdadeiramente amam, ou se fico embebida pelas palavras entusiasmantes que saem das suas mentes.
Mistérios ocultos em simples palavras. Existe sempre algo mais. O mais que não foi falado mas pensado. O mais que não se mostrou mas que ali estava.
Chamam-se as entre linhas da vida, aos significados escondidos por entre palavras ditas. Espaços em branco que não esperam ser preenchidos mas sim compreendidos. Eles já lã estão, só falta dar pela sua presença.
São os gestos, os olhares, as atitudes, os tiques. São tudo aquilo que está à vista de qualquer um mas não há vista de todos.
É ténue linha entre o que se diz e o que se disse realmente. É o limite entre a verdade e meia verdade.
Linhas soltas que se encontram perdidas e camufladas. Linhas de liberdade que estão presas em paradoxos imaginários por não se mostrarem.
Entre linhas é a nossa parte. É a parte de nós que não mostramos, não contamos e nunca ouvimos. É a parte que não cabe nas palavras mas sim nos pensamentos.


Entre linhas é linha que separa a razão do coração.

Eu

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