Diziam
que nada sabia…
Falava
a revolta que se estendia na imensidão do mar e que se agitava nas ondas que
pareciam nunca acabar. Sentia a liberdade na sola do pé que lhe fazia rodopiar
e dançar ao som da vida.
Acariciava-lhe
a rebeldia numa brisa fresca e repentina e provava a loucura em cubos de
açúcar.
A
paz que demonstrava no rosto não se comparava à tempestade que lhe corrompia
por dentro.
Enfrentava
a escuridão da noite que escondia os medos e olhava para os dias que contavam
os seus segredos.
Picava-se
nos erros e aprendia a colher lições.
A
chama ardia no seu esplendor e vibrava a cada batida frenética e descompensada
do coração. Tinha a alma aquecida num copo de vinho e ficava embebida em
emoção.
Soltava
a tristeza na chuva que caia e chocava com a realidade, quando na pele quente
lhe tocava a água gelada.
Sussurros
que gritavam no barulho do silêncio… era assim que sentia o amor. Num mundo
antagónico e feitos de antónimos e sinónimos. Amor e ódio eram semelhantes,
irmãos de sangue com feitios diferentes. Ambos intensos e viciantes.
Descobria
em forma de momentos inesquecíveis as partidas que o destino lhe pregava.
Fechava
a porta a oportunidades e corria atrás de arrependimentos. Soltava frustrações
em suspiros lentos.
Consumia
as letras espalhadas nos livros, com intenção de um dia ver espelhadas as
expetativas criadas.
Não
procurava a felicidade mas tropeçava nela de vez em quando. Achava as coisas
simples as mais perfeitas e dizia que a perfeição da vida era ser tão
imperfeita.
Diziam
que tinha muito que aprender mas o pouco que sabia era o quase tudo para ela.
Afinal
de contas, ela vivia o sentimento e sentia a vida. Levava o mundo nos olhos e
ia de olhos postos no mundo.
Ela
sabia e sentia.