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Era uma vez ...(perder alguém)

21:30

Era uma vez …
Passos cansados moldam o chão desgastado das ruas vazias e solitárias que habitam o corpo repleto de emoções.
Há um cansaço extremo de correr atrás de quem já não quer bem. Há uma lágrima dolorosa que queima a pele e deixa a sua marca gravada.
Sente-se um sufoco preso nas palavras. A saudade incendia a alma ferida e o inóspito vazio cobre o coração que palpita fraco. Coração magoado que de tanto sofrimento, passou de doce a amargo.
O mundo parou, de repente, e desenrola-se aos teus olhos em câmara lenta. O teu mundo parou e alguém que tu amavas te deixou.
De malas feitas, uma pessoa decidiu abandonar a tua vida e por mais que corras atrás, essa pessoa não voltará.
Existe quem não soube segurar o peso do mundo, que não teve a ousadia e a coragem de te agarrar quando o abismo se estendeu e o chão desabou sobre ti.
O vazio deixado jamais será recompensado.
Alguém sentirá as oportunidades e momentos contigo que deixou escapar, por entre os dedos. Alguém que não viu mais as gargalhadas dadas, os sorrisos libertados e nem pode ler o que escondias nas entrelinhas do teu livro. Não vivenciou a intensidade do teu olhar apaixonado e não sentiu as vibrações que irradiavas na felicidade que te consumiu.
As lágrimas derramadas, só tu as sabes contar e só tu sabes o sentimento que cada uma carregava.
Essa pessoa que saiu da tua vida, um dia deu-se conta que não foste tu que perdeste alguém, mas que ele te perdeu pelo erro que cometeu.
… alguém partiu e não soube o que fez.

casal agarrado




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A Loucura do Olhar

21:21


Voa por aí um suspiro que é tão teu quanto de outrem. Vagueia num mundo de labirintos uma alma tão perdida quanto a tua. Existem dois tempos perfeitamente desencontrados e dois mundos totalmente desajustados.
Dois olhares perdidos e sem sentido que se cruzam e se ligam em correntes eléctricas e momentos conectados.
Somos pedaços de sentimentos que se escondem em meios de gestos e olhares.
Há sentimentos que falam e palavras que se calam. Há silêncios que gritam e gritos mudos. Há olhares que tudo dizem sem precisar dizer nada.
Há inúmeras histórias que se compartilham no olhar cruzado. Um passado de vidro onde há cicatrizes de quem um dia foi magoado, lágrimas de quem um dia sofreu e buracos deixados de quem um dia partiu. Um passado igualmente cheio de cor, onde gargalhadas foram libertadas e ecoaram corpo a dentro e o tempo parava para dar lugar aos felizes momentos.
Deambula num mundo tão a preto e branco dois olhares que brilham e que tanto tem para partilhar. Dois olhares que transportam a saudade, a solidão, a frustração, felicidade, tristeza, raiva e amor. Dois olhares desconectados que se confrontam diariamente com a dura realidade.
Existe dois corações que batem no mesmo ritmo, na mesma harmonia, na mesma coordenação. Existem duas metades que se escondem na penumbra do medo, que se perdem no tempo e que se encontram no olhar.
De almas gastas e corroídas, o mundo está cheio. Duas almas perdidas que se procuram em devaneios.
Voa por aí um olhar que se pretende encontrar, na calma da noite fria e no quente do dia que passa em correria.
Chama-se a loucura do olhar que tanto já amou como ainda tem tanto para amar. A loucura de quem um dia olhou e o que tanto procurava achou.

Olhos verdes



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