amor

Medo de Amar

18:25

Os medos que criamos, são obstáculos da nossa mente que nos fazem criar paredes de aço. Um dia perdes o tempo e ficas fora de compasso.
Encontramo-nos num limiar entre o abismo e a felicidade, onde tudo o que nos falta é força de vontade.
Vivemos em bolhas de dúvidas de sim ou não. Há dias que temos a certeza do mundo e outro que colocamos tudo em questão.
Existe por aí corações assustados, que vivem na sombra da insegurança. Vivem iludidos em expetativas, e em sonhos perdidos. Há por aí imensas almas feridas com medo de arriscar… de voltar a amar.
As pessoas têm receio de mandar uma mensagem a perguntar se está tudo bem, de convidar para um encontro ou para passar o tempo. Tem medo de desabafar, de se envolver, de querer intensamente, até mesmo de amar verdadeiramente.
Hoje em dia é mais fácil viver em negação do que arriscar com o coração. É mais fácil fingir ter coração de metal quando queremos alguém que nos abrace apertado e espante todo o mal.
A despreocupação tornou-se hábito de desistentes, mas hoje em dia há quem não veja o mundo ser de forma diferente.
As pessoas têm medo das partidas, porque temem a saudade. Não sabem lidar com distâncias ou com metades. Preferem viver no seu mundo interior, na sua bolha de solidão. É mais fácil ignorar a ausência que viver com ela em permanência.
Já ninguém sabe dizer que não, andam com fitas coladas na boca e com medo de se exprimir com emoção. Acham difícil dizer um amo-te, mas a facilidade com que dizem a palavra odeio-te é inigualável.
Ninguém sabe perder-se nas estrelas, por andar com a cabeça na lua. Corpos vagueiam perdidos em despidas ruas.
As mentes tornaram-se espaços em branco e as almas vazias. Ninguém sabe o que é viver realmente a vida.
De mil pedaços somos feitos, juntando as peças a todos os momentos. Todos temos feridas e marcas. Histórias que pesam e que vêm carregadas… de emoção.
Ninguém sabe o que quer, ou o que tem. Ninguém sabe se vai ou se se mantém.
O mundo vive de medos, mas não o sabe dizer. Tem medo de acordar ou de adormecer.

O mundo perdeu a essência no amor. Caminha sobre o medo e fecha-se na sua dor.


Rapariga sentada a ver o mar

textos

A carta que nunca te escrevi...

19:00

Há palavras que nunca são libertadas, ficam presas em teias e nós e ficam fechadas no vazio.
Nunca te disse, mas conhecer-te foi a melhor coisa que aconteceu. Cada pessoa que entra na minha vida torna-se um livro na minha estante mental. Gosto de ler pessoas, de desvendá-las, descobrir o que as atormenta ou que as faz vibrar ao ritmo da vida. Aprecio que cada pessoa carrega consigo uma lição.
Ainda que tenhas decidido ir embora, aprendi contigo que nem todos são para ficar, que a vida é efémera e que somos pequenos instantes inconstantes.
Contudo à noite ainda em penso em “se” e “porquês”. Revivo tantas vezes as memórias que por vezes penso que resido lá.
É na escuridão que a noite traz consigo, onde entro em divagações e interrogações. Se não tivéssemos escolhido caminhos diferentes como seria a nossa vida agora? Se tivesse dito ou feito algo de maneira diferente talvez não estivéssemos tão longe. Por que vivemos com tanto medo e não arriscámos mais? Agora não passamos de dois conhecidos desconhecidos.
Nunca te disse, mas importas-me e muito. Mais do que devia, mais do que era suposto.
Odeio importar-me, pois o coração bate mais depressa, a adrenalina suga-me a alma e torna-a cansada, pesada ao mundo que me rodeia. Detesto sentir que me torno impotente porque me importo demasiado.
Não sei ao certo que acerto devo fazer. Não sei o que fazer para sair desta espiral de sentimentos controversos que tornam os meus dias confusos e desordenados.
Rasgo o coração para que possa colar nos outros pedaços meus e desdobro a mente para tentar compreender o que vai na alma das pessoas.
Não sei se alguma vez percebeste, mas tenho um mau hábito que me pinta o coração. Tenha uma louca mania de anexar as pessoas a mim, de me entregar por inteiro e de acabar com o coração fragmentado.  Não o culpo, por amar… culpo-o por amar em demasia.
Nunca te disse, mas por vezes tento apagar-te da mente, dar mais valor à razão e não tanto ao teimoso coração. Tento imaginar-te numa tela branca, onde eventualmente acabarias por desaparecer, mas por espanto ou encanto acabas por ser a tela mais viva da minha mente. Consequentemente não te posso esquecer, porquanto prossigo contigo omitido, espreitando sempre na sombra, sempre num canto ou recanto.
Infelizmente traçaste os teus trilhos na minha pele e deixaste a tua marca. Ainda que por breves momentos eu te possa dissipar da memória, estarás lá em sussurros e brisas leves, a relembrar-me da tua presença interna.
Há um sinal de alerta constante no coração que me faz esperar ansiosamente por uma mensagem ou chamada tua. E é na espera que me perco.  Se ainda no fundo espero, é porque ainda me importas.
Nunca te disse e talvez nunca te chegue a dizer...

Carta- Rapariga em veneza



Sentir-se bonito

18:29

Não é difícil ser-se bonito nos dias de hoje. É difícil sentir-se bonito.
São 7 da manhã e há um corpo pesado que se mantêm acorrentado à cama, ganhando a força necessária para enfrentar mais um dia.
Olhas-te ao espelho e é no teu olhar que vês as tuas imperfeições. Os círculos negros contam histórias e pensamentos de uma noite sombria. Não gostas do que vês, então tornas-te num fugitivo de ti mesmo e escondes os teus sentimentos e aquilo que és.
São 10 da manhã e estás indeciso entre qual das máscaras deves colocar. Qual dos sorrisos deves jogar fora para que ninguém note o quão desconfortável estás.
A ansiedade crescente, de uma manhã de trabalho, onde conviver com os olhares das pessoas te tornam tão mísero e insignificante. O coração bate-te rápido, e sentes o suor frio a escorrer-te corpo abaixo.
Entras em conflito contigo mesmo, se o que estarás a fazer é o mais indicado para ti. Na tua cabeça nunca é suficiente e sentes-te como se pudesses desiludir todos à tua volta.
São 13 horas e chegou a hora de maior convívio, mas onde te impões condições e restrições. Deixas-te de sentir observado para observares os outros. Há sempre alguém mais alto, magro, engraçado, bonito ou até mesmo aquilo que na tua cabeça achas ser quase perfeito.
Alguém quer tirar uma foto contigo, mas não consegues achar-te bem em nenhuma ou até mesmo recusas para não te verem.
Sentes que és uma peça solta de um puzzle tão completo.
Levas contigo o peso esmagador que te contrai os músculos, a tentativa de ser algo que não és realmente.
São 18 horas, e chegas a casa. A máscara que usaste durante o dia desapareceu, as marcas ressaltam à vista, e olhas-te ao espelho pela milésima vez naquele dia.
Reparas nas curvas do teu corpo, as saliências que te moldam. Abraças o corpo nu, onde as marcas contam histórias e das histórias nasceram essas marcas.
Numa busca pela elucidação, tentas ler-te e desvendar-te. O que poderá estar errado que ninguém gosta de ti, ou se sente atraído?
São 23 horas e deitas-te para fechar mais um capítulo. A insegurança ainda te abraça e lança  sussurros aos pensamentos fazendo sentir-se presente.
As horas passam e lanças gritos mudos ao mundo. Ouves o silêncio da tempestade que vai dentro de ti. Largas as lágrimas que seguraste o dia todo e decides esvaziar um pouco da dor acumulada. Queres calar os pensamentos, mas são eles que te calam e sentes-te imponente. Sentes aversão e não sabes já distinguir a loucura da razão.
Fechas os olhos e termina o dia. Quando dás por ti, estás num ciclo vicioso.
Diariamente milhares de pessoas convivem numa luta silenciosa com a insegurança. As marcas que te revestem o corpo, são poesias cantadas. As curvas e contracurvas são os caminhos percorridos.
Olhamos para os outros da mesma forma que outro alguém nos olha.
É difícil transformar a hipérbole de defeitos que achamos que nos revestem para transformá-los em peças de museu para apreciar.
A forma como o teu sorriso, deixa o mundo muito mais colorido, ou os teus olhos brilham quando falas apaixonadamente da vida, são pequenas coisas que te fazem bonito aos olhos dos outros. Se fossemos todos perfeitos seriamos todos iguais. Qual seria a piada disso?
Fecha os olhos e ama-te. O amor que deres a ti mesmo, é o amor que receberás.
Antes de seres bonito, sente-te com corpo e alma.
Não há defeito mais perfeito, se não a capacidade de nos amarmos sem filtro.



Rapariga bonita a sorrir


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