Não sei há quantas horas ando a deambular em saltos momentâneos na tentativa furtiva de achar quem sou ou por onde vou. Não sei há quanto tempo estou neste labirinto cheio de memórias e pensamentos.
As correntes pesam na mente e
enchem o corpo de dúvidas. Sei lá eu o que é certo ou errado? E se não arriscar
nunca e o tempo me for roubado?
Achei-me em desejos tempestuosos
e num turbilhão de emoções. Um dia desejamos ser adultos e numa fração de
segundo a vida escorrega-nos pelos dedos e tudo o que só queríamos era voltar a
ser crianças.
Somos inseridos numa bolha
chamada sociedade que diz só querer o nosso bem, mas aí de nós ser melhor que
eles. Tomam conta da nossa vida, e passamos a ser o pendura enquanto outro
alguém conduz a enormes velocidades. Ouvimos em eco que temos de estudar para
ser alguém, caso contrário, perdemo-nos nas sombras dos outros. Tens de ir para
a universidade assim que acabas o secundário, tens de tirar o mestrado,
arranjar casa, casar, ter filhos e trabalhar até que o sangue que corre nas
tuas veias se torne em suor que escorre pelo rosto abaixo.
“É a vida! “dizem eles, os sábios
entendidos que vivem na ignorância.
A verdade é que não és menos que
ninguém por tomar um caminho diferente. Não tens de ir para a universidade, não
tens de ter medo de dizer que não gostas do curso ou do trabalho. Não tens de
ter medo de respirar, simplesmente.
São os cegos, surdos e mudos que
dizem que neste mundo tens de ser diferente para fazer a diferença, mas isso
assusta-os então fazem de ti um robô. Mas somos humanos e se a loucura for a
razão, que a insanidade faça sempre parte dos nossos dias. Vivemos à base de
sonhos e de ambições.
Doem-me os pés de tanto andar,
acho que vou ficar por aqui descalça a sentir o asfalto do caminho ou tornar-me
brisa leve e saborear o que me rodeia. Às vezes é preciso parar e colocar a
vida mais direita.
Não sei quanto mais tempo tenho
antes do relógio da vida me assaltar mais, mas enquanto o coração bater forte,
a dança que seguirei é a da paixão e do amor.
“É a vida!” dizem eles. É a minha
vida e a saída do labirinto está em mim.